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Um assunto que costumamos falar bastante é a obesidade, porém hoje resolvemos falar sobre a obesidade infantil. Mas o que é a obesidade infantil? Que idade ela abrange? Quais seus maiores malefícios? Como tratar?
Foram publicados dados da Organização Pan-Americana de Saúde dizendo que os inquéritos populacionais têm registrado um alarmante aumento na incidência de obesidade no Brasil nas últimas três décadas. O documento mostra que, entre 1975 e 1997, a prevalência da obesidade no Brasil aumentou de 8 para 13% em mulheres; de 3 para 7% em homens; e de 3 para 15% em crianças.
Além disso, em 2018, uma a cada 3 crianças de 5 a 9 anos estão acima do peso. A OMS fez também estudos em parceria com a Imperial College de Londres que mostrava que em 2022 vão existir mais crianças obesas do que abaixo do peso.
Com o passar dos anos, o número de crianças obesas tem aumentado, fazendo a saúde pública reconhecer a obesidade infantil como um grave problema, como uma epidemia, isso porque a obesidade está relacionada a diversas doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e má formação do esqueleto. Além disso, pode gerar dificuldades para executar atividades e brincadeiras comuns da infância.
O que é a obesidade infantil?
A obesidade infantil é caracterizada por um excesso de gordura corporal em crianças de até 12 anos, sendo considerado sobrepeso quando o peso da criança está, no mínimo, 15% acima do peso de referência para a sua idade. O diagnóstico também pode realizado através do IMC. A obesidade infantil traz diversos malefícios, seja por diferente nível de maturidade do paciente para tratar a obesidade, tendências de evoluir para uma obesidade mórbida futuramente, ou até por limitações causadas pela doença.
Já sabemos também que a obesidade (infantil ou não) vem aumentando, e em edições anteriores do Blog pudemos perceber que esse dado está associado majoritariamente com a alimentação (alimentos processados ricos em gordura e açúcares) e na rotina do ser humano (mais horas de trabalho e tela de computadores e celulares e menos tempo praticando exercícios físicos), porém será que as causas de aumento de peso infantil são as mesmas em adultos?
Esse é um fator extremamente importante para entendimento da obesidade infantil, diferente de adultos, não é a criança que costuma fazer as compras de casa e escolher os afazeres do seu dia. Portanto, a rotina alimentar e de exercícios da criança tem muita influência da rotina dos seus pais (ou do responsável pela criança). Além de ele comprar os alimentos e levar o filho para praticar atividades, ele é o espelho do filho, portanto as atitudes da criança são baseadas nas atitudes dos pais, portanto em uma família de praticantes de atividade física, a tendência é que o filho também goste de praticar atividades. É responsabilidade dos pais, inclusive, perceber um aumento de peso no filho e procurar entender se ele está saudável.
Abaixo listamos os maiores riscos da obesidade infantil:
- Obesidade mórbida (quando adulto)
- Doenças respiratórias (asma e apneia)
- Doenças ortopédicas
- Dores nas articulações
- Disfunções do fígado (em função do acúmulo de gordura)
- Colesterol alto
- Diabetes
- Hipertensão arterial
- Complicações metabólicas
- Acne
- Assaduras e dermatites
- Enxaqueca
Além disso, existem também alguns riscos de cunho social e emocional inclusos:
- Depressão
- Isolamento social
- Solidão
- Bullying
- Disfunções alimentares
- Baixa autoestima
Sabendo agora de todos os malefícios que podem ser causados para a criança, quais são os fatores que levam essa criança ao estado de obesidade?
- Alimentação – A má alimentação de crianças pode levar à obesidade, esse fator se agravou nas últimas décadas, visto que a modificação nos hábitos alimentares aumentou a quantidade de alimentos industrializados e hipercalóricos na casa das pessoas.
- Sedentarismo – A atividade física vai ser responsável por gastar as calorias da criança e criar toda uma consciência corporal e hábito que vai levar para a vida adulta. Nas últimas décadas foi observado uma drástica mudança nos hábitos relacionados a exercícios físicos nas crianças. A criança que praticava atividades físicas brincando na rua com os amigos hoje fica em casa assistindo algo em seu tablet (o que a influencia a comer mais).
- Falta de sono – Assim como nos adultos, o sono é extremamente importante para diversos fatores relacionados à saúde da criança. Dos fatores que auxiliam no aumento do peso das crianças pode ser citado mais tempo acordado (consequentemente mais tempo que a criança pode comer) e também o aumento da razão de grelina/leptina (causados pelo encurtamento do sono), que geram o aumento do apetite da criança.
- Ansiedade/Depressão – Qualquer problema de saúde mental da criança pode acarretar no aumento de peso (até mesmo o tédio pode acarretar), pois esses problemas alteram o comportamento dela. Podem ser desenvolvidas compulsões alimentares, perda de vontade de praticar atividades, problemas com o sono, entre outros.
- Fatores genéticos e hormonais – Existem também os fatores genéticos da criança, filhos de adultos obesos tem uma predisposição maior de ser obesos. Até o fato de a criança nascer de parto normal ou não influencia na tendência dela desenvolver obesidade (crianças que nascem de cesárea tem uma alteração na flora intestinal, tendo maior incidência de uma bactéria no intestino, comum em pessoas obesas). É importante ressaltar também que os casos de obesidade infantil por doenças endócrinas e metabólicas está abaixo de 10% dos casos totais de obesidade.
Agora, ao saber dos fatores que causam a obesidade infantil, fica um pouco mais fácil saber como prevenir e tratar a doença, certo? Sobre o tratamento, é bem incomum a realização da cirurgia bariátrica em crianças, uma vez que ela está em fase de crescimento e desenvolvimento, portanto o tratamento começa com a procura de um médico para entender a gravidade do caso e como será combatido. Na grande maioria dos casos é recomendado o acompanhamento de uma nutricionista e prática de atividades físicas, além da diminuição do “tempo de tela” da criança.
Não podemos esquecer que estamos falando de uma criança, portanto não é fácil tratar a obesidade de uma criança como a sua própria, para a criança respeitar a dieta e os exercícios ela deve ser “convencida”. Portanto o ideal é não deixar a criança chegar em um estado grave de obesidade, para isso separamos algumas atitudes que vão prevenir a criança de ser obesa
- Alimentação da criança apenas com leite materno durante os primeiros 6 meses (a criança deve ser amamentada durante os primeiros 2 anos)
- Alimentação equilibrada (não só da criança, mas da família inteira) aumentando o consumo de legumes, verduras e alimentos com baixo número de calorias e diminuindo a quantidade de alimentos hipercalóricos.
- Incentivo à pratica de atividade física, seja brincando na rua com amigos, em casa com os pais ou no colégio. O importante é incentivar a criança a praticar alguma atividade física.
- Controle do tempo de tela da criança (além de muito tempo de tela incentivar uma vida sedentária, a criança acaba vendo diversas propagandas de fast food e similares na TV e celular).
- Cuidado com medicamentos (Importante ressaltar que a criança só deverá usar remédios para auxiliar a perda de peso com a indicação de um médico, o tratamento de crianças e adolescentes costuma exigir uso de remédios apenas quando ele tem alguma doença que demande o uso desse remédio).
- A criança deverá descansar bem, dormindo de 10 a 13 horas por noite (crianças de 3 a 5 anos) ou de 9 a 12 horas (crianças de 6 a 12 anos).
- Por último e MAIS importante: Dê o exemplo! A criança replica o que vê em casa, se a família não pratica atividades, não se alimenta bem e costuma ir dormir muito tarde, provavelmente a criança vai trilhar o mesmo caminho.
Grande parte dos pacientes obesos mórbidos já foram obesos quando crianças, portanto o melhor momento para tratar essa obesidade não é quando já se tornou um adulto, e sim quando criança, pois essa pessoa se tornará um adulto com os hábitos muito mais saudáveis.
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