Cirurgia Bariátrica em Adolescentes

Postado por Suzanclin em 22/jun/2021 - Sem Comentários

Calcula-se que apenas no ano de 2017, mais de 100 mil cirurgias bariátricas foram realizadas no brasil, o que representa um crescimento de 50% em apenas 5 anos. Esse aumento foi impulsionado não só pelo aumento da ocorrência de obesidade, mas também pelo aumento da credibilidade na segurança e na efetividade de procedimentos bariátricos (e carência de outras alternativas comprovadamente eficazes). Dito isso, um tema amplamente debatido é a realização de cirurgias bariátricas em crianças e adolescentes. Na última edição do nosso blog  discutimos amplamente o aumento da ocorrência de obesidade na fase infantil e o quão preocupante é o aumento dessa estatística, mas é seguro realizar procedimentos cirúrgicos para o emagrecimento desses pacientes? É o meio mais indicado? Saiba mais nesse post.

A obesidade é uma doença com forte impacto psicossocial, e na população jovem esse impacto se torna ainda maior, visto que é comum crianças nessa situação sofrerem Bullying, depressão, queda no rendimento escolar, etc. Estima-se que 50% dos adolescentes que são obesos se tornarão adultos obesos, e alguns estudos mostram que mesmo durante a adolescência, diversos problemas de saúde já são comuns em obesos. Alguns desses problemas de saúde que podem ser citados são a hipertensão, diabetes, alterações no nível de humor, e às vezes na própria mobilidade do paciente.

Outro fator importante de ser ressaltado é que a obesidade é um problema global, atingindo tanto os países ricos quanto os emergentes. Nos EUA, por exemplo, a obesidade infantil triplicou desde 1980, atingindo 20% dos pacientes entre 12 e 19 anos. Além disso, 10% desses pacientes obesos sofrem grau extremo de obesidade (são estimados 4,5 milhões de crianças com obesidade grave). Já no Brasil, esse alto número mostrado na obesidade se torna preocupante, visto que grande parte desses adolescentes se tornarão adultos obesos, e eles terão mais chances de desenvolver alguma doença metabólica, problemas psiquiátricos, ansiedade, transtornos alimentares, alterações da percepção da imagem corporal.

Tratamento clínico

Diversos estudos demonstraram pouca efetividade nos métodos convencionais de controle da obesidade. De acordo com medidas comportamentais de pacientes tratados por até 12 meses, os pacientes têm uma queda de apenas 0,18 kg/m² no IMC e de 0,34 kg/m² em 24 meses. Já o paciente que fez dieta, exercícios e terapia simultâneos obteve uma diminuição de 1,54 kg/m². Portanto chegou-se à conclusão que a eficácia do tratamento conservador de obesidade na criança e no adolescente é desprezível para a imensa maioria dos pacientes que tendem a evoluir a doença para níveis progressivamente maiores.

 

Tratamento cirúrgico

Nos casos extremos, o tratamento clínico não é suficiente, e para evitar a piora da obesidade e possibilidade de desenvolver comorbidades, a cirurgia bariátrica se torna uma boa opção.

Sempre houve uma preocupação com relação a possíveis complicações e aos efeitos colaterais do tratamento, que possam trazer algum prejuízo nutricional ou atraso no desenvolvimento desse adolescente, devido a isso, a indicação desse tipo de tratamento foi vista com ressalva por pediatras e endocrinologistas que cuidam desses pacientes.

Por mais que, segundo a OMS o adolescente possua entre 10 e 19 anos de idade, existe um limite inferior para realização do procedimento de 16 anos de idade estabelecido em 2005 com uma cuidadosa análise de custo-benefício.

Para realização da cirurgia bariátrica em adolescentes, existem algumas condições:

  • Pleno entendimento do adolescente e dos responsáveis sobre a importância do acompanhamento da equipe multidisciplinar a longo prazo, realização de exames periódicos e de suplementação ao longo de toda vida;
  • Concordância da equipe multidisciplinar;
  • IMC maior ou igual a 35 kg/m² associado a comorbidades (ou IMC maior que 40 kg/m²).

Importante ressaltar que retardar o tratamento de uma doença tão grave nesse período é negar o direito à dignidade e à vida. Cabe ao indivíduo a escolha entre uma vida com uma doença extremamente limitante e agressiva à saúde física e mental ou uma série de procedimentos cirúrgicos capazes de amenizar o sofrimento e propiciar um retorno ao convívio social e uma vida “normal”.

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